25 de setembro de 2010

Sobre pés e rosas

Olhares diagonais se cruzam
Em ângulos regulares.
Mãos sangrando suavizam
Ouvidos doloridos.
Há uma rosa florescendo
Em meio aos
Trilhos aquecidos,
Que, apertados,
Gritam alto
Aos fios de cobre
De elétron.
Olhares singelos enfiam-se
Entre as pernas
Em ângulos obtusos.
Pés descalços não caminham
- é proibido!
Descalços, por não caminhar,
Voam alto
Até o azul do céu ou
Do mar.
Cansados em não achar,
Com seus pés descalços
Voltam a cantar.
E entre os trilhos, agora,
Nasce a rosa e cantam
Os pés descalços,
Escaldados,
A rosa e os pés viram chão,
Não há pra eles olhares diagonais
Ou obtusos
Apenas escória de pés calçados.

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