21 de junho de 2011

A arte de es- CRÊ- Ver

Escrever é ter medo. Mas, ao mesmo tempo, é poder enfrentá-lo por meio de sons expelidos pelas mãos, os quais estavam presos na fala ou, pior, na alma.
Escrever é sim ter medo. Mas poder gritá-lo sem emitir som e  interferir no escutar de outrém, sem mesmo precisar lhe falar.
Escrever é ler ao contrário.
Escrever é cavar buracos para se enfiar, deixando, ainda, os pés a mostra.
Escrever é es- cre-ver. ver o crer e escorregar nos tobogãs sem fim.
Escrever é beijar o  mocinho no final de um filme que você nunca viu.
Escrever é sentir os sentidos do corpo e os pensamentos dos neurônios todos pelas vertebras dos dedos.
Escrever é isso. Escrever é aquilo. Mas a escrita nunca É. Ela está, e está em cada um de forma mais diferente possível!

7 de junho de 2011

A saga da barata do teclado

Desde criança eu tenho medo de barata. Ô, bicho cabuloso. Parece mais um monstro em miniatura, que um inseto. Pois, é. Diversas vezes minha mãe quase morreu de susto por conta da minha baratofobia. Naquele dia foi o Antônio, funcionário público há mais de 20 anos, que nunca viu um estagiário gritar tanto pelo corredor de um gabinete, como eu gritei.

Estava eu em minha sala, 18º andar, onde permanecia solitária pela manhã,com uma montanha enorme de jornal para ler. Assessoria de imprensa, né? Sabe como é. Digitava mais uma matéria, que subiria dali uma hora. Muita tensão. Lembro que era uma tarde de junho, e o som dos ventos uivantes era tão gritante, que o forro do prédio até se levantava.

Quando de repente, não mais que de repente sinto uma presença a mais naquela sala vazia e gelada. Um minuto de silêncio. “Teclas de computador ainda não são Tek Pix, que corta carne e saem pulando”, pensei. “E, muito menos, têm fiozinhos decorativos”...


“Ahhhhhh, uma barata”

Sai gritando pelo corredor do gabinete de um dos órgãos estaduais mais importantes da cidade. “Antônio, pelo o amor da Santíssima Trindade, tira a barata do meu teclado”. “Barata no teclado? Tá louca? Cria vergonha nessa cara menina, você completou vinte anos e tem medo de uma baratinha?


Mas, como eu disse, baratas não são bichinhos inofensivos. São monstros gigantescos, que por conta das eras mezezóicas* foram diminuindo e diminuindo, até chagarem a este estágio de nojo que se apresentam. (Que me desculpem as organizações defensoras dos animais, mas viva a extinção das baratas no mundo!)


Voltando. O Antônio foi, então, até a minha sala. Pegou seu super álcool em gel e se pôs a passar no teclado. Logo, a dona baratinha saiu por um dos buracos de uma das teclas que ele havia arrancado. Marota, estava toda feliz a saltitante, pensando que desfrutaria do restante da minha paciência.
Então, ele pegou o guardanapo e , PAF!, esmagou a minha inimiga número um. Porém, junto com a dona barata foi também a matéria que estava escrevendo, pois sem querer o Antônio apagou tudo, quando tirou as teclas do computador.

Com isso, aprendi duas lições:

“Nunca deixe de salvar um texto no Word, por mais que ele só tenha um parágrafo”;

“Nunca coma bolacha em cima do teclado. Você nunca sabe o que pode estar por de baixo dele”.