29 de abril de 2012

Eu cansei de engolir, eu preciso vomitar

Preciso vomitar. Um texto. Um amor. Uma dor. Um orgasmo qualquer de um sonho lúcido de beira de estrada. Abril passou ligeiro, abrindo-me mais um pouco para as dores do mundo, das ruas e das calçadas ainda cheias de formigas pisoteadas. Fortaleci-me de fraquezas. Enfraqueci-me com fortalezas alheias, mas tô de pé, dizia ela, enquanto tragava o último toco de seu baseado.



Corria pra ver o último trem de carga passar, enquanto o Sol já estava indo embora. A sua própria carga era maior que tudo aquilo, que tudo isso, tudo inteiro. O trabalho terminava às 18h. Raramente tinha o privilégio de ver o Sol. Em seu pensamento, só havia reminiscências. Sempre as mesmas.


E, pra que errar o caminho de casa, de novo? Voltar de mãos vazias, atadas. Sempre igual. Sempre o mesmo final? Rimar é coisa de quem não tem conteúdo, afirmava um poeta do século XIX, que morreu dizendo que viver é morrer, e etc e tal.


Fórmulas. Um montão delas me mostrando que o Sol chega só de vez em quando, e eu tenho que sair às 18h. Corra moça, corra. Corra moça, corra. Corra moça, corra. Eu cansei de esperar. Eu cansei de engolir, eu preciso vomitar. Vomitei palavras esdrúxulas em seus olhos. Você fingiu ouvir. Incoerência brutal. Os olhos passaram de janela da alma para ânus do corpo. Você me olha dizendo alguma coisa qualquer. Dizendo até que me quer. No outro dia eu saio, pulo a janela e a prostituta que vive em mim renasce de um corpo virado na cama.


As mesmas migalhas. Os mesmos restos de um prato já mastigado, estragado, na beira desse quintal de sucatas. Vi meu rosto na televisão. Eles dizem que me retratam. (Sim. Num retrato 3x4, enquadrado, falsificado). Eles fingem que sou eu. E eu finjo que acredito. Novela das 8h, que é às 9h. É, meu príncipe eletrônico parece que ta pra chegar. Invadiu minha mente e coração, agora quer meu corpo, toda a minha alma. Eu me retraio, mas ele me quer. Eu repulso, mas ele pulsa sobre em mim em todos os cantos. Na sala, no quarto, na cozinha. Ele pensa ser Deus e me ter como sua serva. Mas eu continuo lhe negando. Até quando? Não sei. Príncipe eletrônico, eu não acredito mais em contos de fada e a TV pra mim é (quase) nada.

11 de abril de 2012

Soul Love

Paixões são como livros. Basta começar um novo para você se esquecer da última história e mergulhar na atual. Há quem vai discordar e dizer que há livros que nunca esquecemos. Isso aí eu costumo chamar de Amor. 

9 de abril de 2012

Por um fio

Tudo que eu faço é quase.
Tudo que é quase é pouco.
E tudo que é pouco, pra mim, é nada. 

5 de abril de 2012

t/s

Às vezes, me dá a impressão de sempre estar no lugar errado e na hora errada. Depois penso que tempo e espaço não existem, são só medidas.

2 de abril de 2012

Placas tectônicas mascaradas de base de apoio


É que tem horas que a gente cansa de buscar bases de apoio onde, na verdade, só existem placas tectônicas.