23 de agosto de 2012

Er(R)a uma vez uma outra vez

Era uma vez uma outra vez. Uma nova chance de contar uma velha história. Era uma vez um jogo sem blefes. E uns blefes sem chagas. Era uma vez alguém que er(R)a, mas mesmo assim continua sendo.

18 de agosto de 2012

É hora de (des)aguar (n)o aguado


Sinto que não caibo mais em mim. Assim como é o rio, que encontra águas salgadas, eu também preciso desaguar. Não sei. De repente, tudo ficou tão aguado. Os sonhos aconteceram. E, agora, eu já não sei seguir sem eles. Sinto-me pra dentro de mim. Lá no canto do útero. Apenas intro da expectativa. Uma gema de ovo no meio da clara clara. Pra mim, tão escura, submersa a redomas de outrem (ou de mim). Acho que é tempo de plantar de novo (com grão novo). É hora de ampliar o que ficou grande e de mastigar até mesmo as migalhas. Quando o verbo se faz carne, o que nos resta é engoli-lo. Esperar a digestão e se alimentar do que sobrou.

A gente não percebe, mas vivemos, eternamente, dos restos. Vivemos do pouco que fica de tudo que somos, comemos e vivemos.  Vivemos? (Nossa! De repente vejo que a prosa se assemelha com aquela de cinco anos atrás). É quase uma crise adolescente. A puberdade tem validade? Estou indo embora daquela que já fui. Confesso, às vezes tenho saudades de Deus. Me pego, à noite, pensando no tempo em que eu pedia proteção. Até tento voltar. Mas paro no meio do escuro e esbarro nos meus livros na estante, derrubando-me mais uma vez em meu sonambulismo (in)consciente. Fui derrubada de todos os lados. Os muros caíram. As resistências se transformaram em existência. Ou, então, lutas existenciais. Eis a entrada na vida adulta, ou, adulterada.

Tenho necessidade de estar mais próximo de mim. MiM é só MIM, mesmo lendo de trás pra frente.  MIM não é nada além do que isso que sou. E por que devo usar EU? Usar um EU? Ser um EU? Ser? EU logo vira UÉ, mostrando toda a nossa contradição. Palavras repetidas sempre formam alguma frase bonita. Tentei buscar rebuscar esse texto, deparei-me com outra palavra: REBUSCAR. Buscar novamente. A vida é sempre rebuscada, então. E essas letras todas começam a se misturar com as linhas finas, e as linhas finas? Ah! Eu não agüento mais as linhas finas, os “olhos” no meio das páginas e as aspas cortadas pela metade. Desculpe o auê! 

17 de agosto de 2012

É preciso seguir o ritmo da chuva


Uma gota. Duas. Três. Passa-se uma vida inteira para entender que a chuva não é à toa. Ela chega meio de canto, estuda o ambiente e aí, sim, despenca. Mas é difícil entender esse movimento todo, já que uma vez humanos, acabamos nos esquecendo que somos natureza. E moldamos o tempo. Sucatemos o espaço.  Mas é preciso forçar-se a voltar a ser natural. Deixar-se fluir, mesmo quando há redemoinhos impedindo a passagem. Caso eles apareçam, lembre-se que são eventuais. Agora, o ritmo da chuva - ao que parece - repete-se muito mais vezes. Mas a maioria de nós, não obedece a lei natural da própria natureza. Não adianta ser tempestade, quando se é tempo de garoa. Não adianta liquidar todas as nuvens e depois minguar com a vinda de novos sóis. Prefiro chuva fina que muito dure, do que tempestade que cause estrago. É preciso seguir o ritmo da chuva. 

6 de agosto de 2012

Dos cheios de vazio

Eu tinha me esquecido dos ecos do metrô. Tão dolorido quanto o silêncio de quem nele vai. A máquina é só o efeito dos sentidos dos que a conduzem, alimentam e ocupam. Muitas vezes, um corpo com espírito é muito mais mecânico que um grande esqueleto de ferro bruto. Às vezes, alguns olhares voam longe. Mas basta um pestanejar e tudo, outra vez, torna-se vazio. Mesmo estando tão completo. Tão perto. Tão sufocado.

E o grito estridente arranha ou ouvidos. Mas, ao que se nota, isso é apenas a vontade de sair voando, quando só se pode rastejar.

O que vejo de minha janela? Nada. Mas o nada me conforta, quando as portas se abrem e um nova escada se apresenta diante de mim. São tempos de subidas cada vez mais íngremes. Ora se está abaixo do baixo, ora, abaixo de mim. E aí, já não sei se volto ou se vôo.


5 de agosto de 2012

Com forma de coração

A verdade é que eu não quero só um pedaço de doce, eu quero é uma fôrma inteira de coração.