29 de setembro de 2012

Eu sou uma amadora II


Raso. Fundo. Meio cheio. Meio vazio.
Direita. Esquerda. Centro. Avante.
Não sei. Sei bem.

Sempre no so-so
Do que sou.
Um meio a meio quase inteiro
Um vazio meio cheio.
Um lotado sem volume
Um eu amador

Eu sou uma amadora
Amo saber dos vazios
E também dos cheios
Dos lotados e também dos sem volume

E por ser uma amadora,
um fingida quase verdadeira
é que eu me tornei
uma
AMADORA   
AMA
AMAR
       A
        DOR que
        ADORA! 

De quando eu ganhava doces em 27 de setembro


Eu queria muito fazer um post bonito falando das minhas lembranças de criança, quando era dia de São Cosme e Damião. Mas, agora, já crescida, eu me pego sem tempo. Pra pensar. Pra lembrar. Pra ser, mais uma vez, aquela criança à espera de doces.

À espera daquela Tia Carmita, que todo ano fazia uma festa e, mesmo quando a gente não ia, mandava um saquinho cheio de guloseimas: balas, pirulitos e guarda-chuvinha de chocolate. E, às vezes, a primaiada ainda brigava, porque um pirulito era rosa e o outro azul. No final, a gente dividia todos os doces para fazer um barzinho. Eu vendia doces para o meu pai. Interessante, já que era ele mesmo que trazia as caixas de suspiros quadrados, daqueles rosas, sabe? E ele subia cansado cheio de caixas de doces de bar. Ah! A gente chama lá em casa de doce de bar esses doces que são de origem caseira, como o doce de leite, paçoca de rolha, cocada.Hum. E tantos outros, que adoçaram a minha infância.

Hoje, acordei e, como de costume nesta data, perguntei se havia doces em casa. Meu pai falou: "Ah, não existe mais isso. Se der doce pra criança, hoje em dia, vão pensar que é pedofilia".Triste saber que um imaginário construído pelas crenças e mitos de um povo pode se transformar em matéria de programa sensacionalista.

Agora, posso até não ser mais chamada de criança. "Se trabalha, é adulta", minha avó diz. Mas confesso que continuo esperando pelos doces de caixa do meu pai. Os bombons da minha mãe. E aquele saquinho de guloseimas da Tia Carmita, que, infelizmente, eu sei que não irão chegar.

Viva São Cosme, Damião e Daum.

Tem coisa na gente que não muda . Tá guardado na memória, naquela memória longa, que insiste em permanecer ativa, pra que a gente se recorde que, independentemente do credo, a nossa história vale muito a pena de ser lembrada!

22 de setembro de 2012

Café com prazo de validade


Com açúcar ou com afeto?

Amargo e frio, por favor.

Por quê?

Pra não sentir o gosto muito de perto. Tudo aquilo que não mexe muito com os sentidos, é excretado mais 
rapidamente.

(enche a xícara)

Chega, chega! Tá de bom tamanho!

Você é muito contida. Gosta do escasso.

Quem se contenta com o escasso não se importa com descaso (ri)

Deu pra rimar, agora, é? Desconhecia esse seu lado poético.

Prático apenas. Bem, vamos logo com isso, tenho pressa.

Contida e acelerada. Enquanto eu, devagar e sempre.

Eu prefiro ser rápida e momentânea. Só me lembro do ‘pra sempre do agora’, esqueceu?

(...)

Passado o tempo, abriu, uma vez mais, o armário. E tirou de lá apenas a lembrança daquela ‘política do café-com-leite’ que outrora havia vivido. Recordou-se que, agora, o café não vinha mais com leite e, muito menos, com conhaque. Era apenas amargo, frio e com prazo de validade. 


13 de setembro de 2012

Matéria prima

Isso aí. Venha com todas as suas palavras. Duras frações de um segundo que me pode ser eterno. Mas venha. Venha com tudo, que eu não tenho medo. Palavra, pra mim, é matéria prima!

Não gosto de palavra pela metade. Até aturo sujeito sem verbo. Mas verbo sem sujeito me dá uma gastura. Se preferir, venha mudo, que eu mudo.

10 de setembro de 2012

De Blues, Deus, Diabo e Lilith na terra do sol


Eu podia fazer um blues da Rua Téo
Das saídas inconstantes
E dos pequenos grandes amantes
Eu podia mesmo é pedir o seu tel.

Entre um almoço e outro,
Eu fico com as estrofes
Cortadas ao meio.
Entre uma música e duas cantadas,
Escolho os segredos que ficaram de escanteio.

Seu rock ‘n roll ou blá blá blá
Não impressionam mais que
O canto daquela sala de estar.

Café amargo eu não aceito
Tu sabe,
Não gosto de copo vazio meio cheio
E naquele Apê sem ar, 
Quero tudo: membros, olhos e cheiros.
Sem promessas, só novo lugar!


E, de repente, Deus e o Diabo
Se fez um só naquela terra do Sol
Se sou Lilith ou Maria Madalena
O que importa é nosso "SI" bemol.

"Sol aumentado pra brilhar mais",
há quem diga!
Mas eu prefiro sóis diminutos...
São mais confidenciais!


Mas,
Cá pra nós, não precisa fugir
Eu não tiro pedaço antes de engolir! 

8 de setembro de 2012

Eu quero é sambar!


A verdade é que, volta e meia, eu preciso de um samba. Pra alegrar a alma, levantar o espírito e diminuir a carga pesada do corpo. Eu não sei te dizer muito sobre o samba, sambistas e os ritmos dos ritmos. Mas, sabe uma coisa? O tambor, aquela batucada toda, a forma de mexer o corpo, me faz bem. Me (e)leva a alguma coisa que, aí, eu já nem preciso mais de explicação. Só me deixo levar. Me jogo na roda e vou! Eu preciso de alguém que, de fato, me ensine a sambar! Eu preciso de um samba já!