18 de março de 2014

Os vazios de mim

Ecoa em meu peito quente
Dilacera minha mente escura
Estremece minha zona confortável, estável,
Esse vazio de mim.

Romance

A vida é muito efêmera para romances, por isso escrevo crônicas.

5 de março de 2014

A vida é chorosa

Uma vontade de chorar invade essa minha alma lascada. Uma grande vontade de saltar água dos olhos vive constantemente dentro de mim. As contradições, sempre elas, saltam diante d emeus olhos e esses não têm mais nada a fazer, senão chorar. A vida, minha gente, é chorosa.

Teatrem

Cada porta que se abre de um trem se assemelha a uma cortina de teatro. Uma cortina de ferro, pela qual entram diversas personagens. Das mais simples às mais caricaturais. E há, também, aquelas fixas. Como um de jávù, todos elas estão ali, pra te lembrar que você está fazendo de novo, e outra vez, e uma vez mais o mesmo percurso que ontem já havia feito. E nesse palco sobre os trilhos há um balanceamento notável. Nunca se tem mais gente de um lado do que do outro. Sempre tem muita gente em todos os lugares, janelas, portas ou até na parte de cima da carcaça de ferro. É impossível flutuar feito surfistas. No trem não se cai, a multidão te esmaga antes. É possível até mesmo dormir em pé, ancorada a corpos desconhecidos, que também estão dormindo. Todos nós somos sonhadores de olhos abertos e pés amassados. Mas a vida, mas a vida tá na bolsa, que cada um carrega junto a si. A vida tá no banco, conquistado a duras penas, socos e pontapés. A vida tá no semblante da mulher cansada que ainda chegará em casa para fazer o feijão. A vida tá nas mãos calejadas do pedreiro que atravessa a cidade em duas horas. A vida está na moça de salto agulha e camisa social que leva o chinelo na bolsa pra depois subir o morro. A vida está na mãe que amamenta o filho nos bancos destinados a ela. A vida está no evangélico que aumenta a voz pra dizer sua palavra. A vida está no moço com o braço amputado pedindo esmolas. A vida está na água, oito pilha, amendoim ou salgadinho a um rea. A vida está no chão servindo de assento. A vida está nos celulares que impedem todos de se olharem, quando estão uns em frente aos outros. A vida está no sorriso de canto, inesperado, de quem ne verdade precisava gritar. A vida está na mulher que, todos os dias, leva pelos braços suas filhas com down e pede uma ajuda, moço. A vida está no salgadinho da marreteira pisoteado pelo seu polícia. A vida está no ser sozinho em meio a multidão. A vida está na voz distante, longínqua, do maquinista que se abstém. A vida está onde sequer imaginam que há vida. (h)Á vida. Jéssica Moreira

Menino do trem

O menino de, no máximo 11 anos, entra no vagão. Em suas mãos, um pacote de balas. Nos lábios, uma repetição de palavras. "Balinha um real, balinha um real". Caminha; ele, suas balas e suas palavras, de ponta a ponta do vagão enferrujado. Até que, no meio da balinha, no meio do 'um real', ele para um segundo. Os olhos se fixam naquilo que o cara a frente carrega em mãos. "Muito louco esse jogo". O sinal toca. As portas se abrem, ele parte correndo para chegar até o outro vagão, enquanto o jogo fica pra trás e ele continua sua sucessão de balinhas a um real.

Relíquias

São rastros de relíquias misturadas ao tempo que sobrou dos meteoros
Eu sentada naquela escada,
Achando que  ela, Lua, lá
Que ia embora,
Enquanto era eu que me movia,

Sem saber quais passos dar!