4 de janeiro de 2013

Um novo calendário



Tem horas que as palavras ficam coçando tanto nas pontas dos dedos, que parece que vão gerar chagas. E, quanto mais você coça, mais quer coçar, coçar e coçar. Até que uma hora surgem umas feridas marcando tanto a pele, que nunca mais saem, assim como há de acontecer com as próprias palavras.

Por isso, é preciso não perder o time. Não esquecer o verbo e não abandonar o ritmo dos versos. Senão, a gente morre e a palavra morre com a gente, sem mesmo desflorar.

Aprendi, no ano passado, que não existe mais um ano de vida. Existe a vida. Que o ano, o tempo e o espaço sou eu que crio. Então, eu desejo a mim e ao tanto de gente que tiver paciência de ler isso, que o próximo ano traga muitos espaços. Sejam eles apertados ou frouxos. Sem crise, o que importa é ir além de si próprio, mesmo que seja de forma apequenada, curta. Transcender seu espaço em novos é também uma forma de se alongar, mesmo permanecendo dentro de seu próprio perímetro. 

Que o novo calendário traga também muitos tempos, pra você entender que, se a natureza tem quatro estações, você tem, no mínimo, o dobro. E isso é bom. Se nem as frutas nascem durante todo o ano, por que você haveria de estar exatamente do mesmo modo que esteve ontem?

No mais, desejo que, em 2013, nos cruzemos mais por aí, tomemos uma no boteco da esquina, joguemos conversa fora e também risadas e lamentações.

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