29 de agosto de 2010

Inacabatus Papyrus - o que não foi impresso continua sendo escrito à mão

Buscar em outras palavras a letra perfeitamente perfeita é em vão. Outras letras não cabem. Não me contento com vírgulas e tão pouco com reticências. Atento meus olhos às aspas que surgem, tento entender o sentido que me toca, em meio a tantos significados.

Luta profunda numa noite extremamente difusa. Mas esta palavra não sai e os fonemas que pelo caminho encontro não se encaixam. É tudo uma questão de contentamento, mas eu não me contento. É tudo uma questão de esquecimento e desapego, porém, em mim não cabe tanta reminiscência.

Abro então o dicionário e saio numa corrida alarmante entre os tantos verbetes que vêm à tona. Mas, mesmo sendo estes inúmeros, e em progressão geométrica, não substituem aquele único que tanto soa em meus ouvidos. Que tanto me acalenta a alma. Que num papiro aberto em cima da mesa mantém-se vazio, sem nenhuma lembrança, além daquela que num pretérito imperfeito já viera tocar meus dedos e vibrar em meus ouvidos.

Oh, verbete distante, fonema ausente, palavra inexistente. Percebo então que a letra perfeita para essa minha singela poesia só existiu nos mais loucos devaneios de minha mente desvairada. Que, desavisada, acreditou mais no subconsciente, agarrando pra si todas as lições da psicanálise psicanalítica de Freud , o que tudo explica, mas que nada, nesse momento, a mim faz entender.

 Pois nada e nenhuma palavra e nenhuma lei cientificamente correta, estritamente metodologicamente testada explicaria esse sentido enraizado, pois nesse momento meu subconsciente não explicaria nada a ninguém, pois nem eu consigo entender a busca por essa letra, que de meus dedos deslizam e sua ausência se torna dor, que de tão dolorida chega a ser palpável, e de não poder dizê-la é que fico aqui procurando uma maneira de escrevê-la.

18 de agosto de 2010

Aquela ruazinha

É apenas mais uma rua no mundo. Sim, isso é. Mas, olhando bem é o mundo todo em uma só rua, de várias vias. O horário não é tão importante, pois a constância desses seres movíveis é que lhe dão esse balanço tão singular, coletivo.

São tantas caras, pernas e braços, que não há lugar para se incomodar com os esbarrões [APROVEITE-SE DELES]. É clara. Escura. É vida. Som e silêncio. Dá-se tempo pra sonhar, mesmo atravessando o semáforo com passos longos e apressados.

Dá-se tempo pra parar, olhar e ser olhado. Ouvir e ser ouvido. Mas, impossível não sair admirado. Tamanha é sua beleza com variáveis montanhas de concreto e minúsculos bonecos muito bem feitos, entrando e saindo, saindo e indo.
 
É frenético. É calmaria. É música, rock n' roll ao ar livre. Fumaça de AUTO- móvel, cigarro e braço de árvore em calçada quebradiça – tão urbano quanto natural. Viagens transversais sem ponto de chegada, pois a saída é bem ali, descendo as escadarias: Metrô Brigadeiro, Trianon ou Consolação. Bem – vindo, essa é a Av. Paulista, o coração pulsante adolescente inconseqüente de São Paulo.

12 de agosto de 2010

E quando eu digo Sol vocês dizem Lua - Sol Sol Sol, Lua Lua Lua

Desenho de Amanda Balice

No mundo dos adultos a linha do horizonte acaba quando o Sol se põe...no mundo das crianças não, pois para as crianças o horizonte não possui linha, não há fronteiras entre o dia e a noite e tudo, até mesmo o Sol, pode ser alcançado!


Para as crianças o Sol é apenas o marido da Lua, e esta na verdade é um grande biscoito de água e sal, com água cristalizada, por isso é que a enxergamos assim, tão clara. E as estrelas são, em sua grande maioria, vagalumes que voam muito alto e se esquecem de voltar pra Terra.


(O blog é meu, portanto posto o que eu quiser, por mais estranho que isso pareça a você, mas só a você, porque pra mim não há nada mais normal que a loucura de sonhar. Aliás, o que é a loucura em um mundo onde pessoas denominadas "normais" destroem o próprio planeta onde vivem? #momentodesabafo)