Buscar em outras palavras a letra perfeitamente perfeita é em vão. Outras letras não cabem. Não me contento com vírgulas e tão pouco com reticências. Atento meus olhos às aspas que surgem, tento entender o sentido que me toca, em meio a tantos significados.
Luta profunda numa noite extremamente difusa. Mas esta palavra não sai e os fonemas que pelo caminho encontro não se encaixam. É tudo uma questão de contentamento, mas eu não me contento. É tudo uma questão de esquecimento e desapego, porém, em mim não cabe tanta reminiscência.
Abro então o dicionário e saio numa corrida alarmante entre os tantos verbetes que vêm à tona. Mas, mesmo sendo estes inúmeros, e em progressão geométrica, não substituem aquele único que tanto soa em meus ouvidos. Que tanto me acalenta a alma. Que num papiro aberto em cima da mesa mantém-se vazio, sem nenhuma lembrança, além daquela que num pretérito imperfeito já viera tocar meus dedos e vibrar em meus ouvidos.
Oh, verbete distante, fonema ausente, palavra inexistente. Percebo então que a letra perfeita para essa minha singela poesia só existiu nos mais loucos devaneios de minha mente desvairada. Que, desavisada, acreditou mais no subconsciente, agarrando pra si todas as lições da psicanálise psicanalítica de Freud , o que tudo explica, mas que nada, nesse momento, a mim faz entender.
Pois nada e nenhuma palavra e nenhuma lei cientificamente correta, estritamente metodologicamente testada explicaria esse sentido enraizado, pois nesse momento meu subconsciente não explicaria nada a ninguém, pois nem eu consigo entender a busca por essa letra, que de meus dedos deslizam e sua ausência se torna dor, que de tão dolorida chega a ser palpável, e de não poder dizê-la é que fico aqui procurando uma maneira de escrevê-la.