19 de julho de 2013

Das coisas mais belas, eu fico com as reais

Ela vivia lendo contos de fada por aí: no trem, na padaria, na festa de sábado à noite. Ela vivia escrevendo cartas a um além, que não chegava nem mesmo a sair das paredes de seu próprio quarto. E, a cada nova desilusão, ligava o som nas alturas e minguava as lágrimas num tanto de papel cortado. E ditava as regras, antes mesmo de vivenciar qualquer momento mais real, mais verdadeiro. E alma gêmea, pra ela, era um espelho de ponta cabeça, com traços e versos de seu reverso. Hoje, os versos são quadros na parede, de um traço que não é o seu. Nem os sons ou letras que, agora, se dispõe a ouvir e ler. Descobriu que conto de fada não tem fada alguma, mas uma realidade infinita em olhos que brilham.