31 de dezembro de 2011

Um valete de copas nas mãos

É preciso continuar lendo os caminhos pelos quais os nossos passos se passam. Sejam rasos, fundos ou largos. Rasos como a calçada que se torna funda após a tempestade. Fundo como o rio que se torna raso, depois da seca. Largo como é essa vontade de continuar alargando o tempo, toda vez que vivo sem tentar manipular o agora. Largo como é o desejo de largar mão desses valetes de paus que teimam em permanecer em minhas mãos, à espera do próximo adversário. 

Bom mesmo era quando a gente sequer conhecia o nome do jogo e chamava o naipe de paus de ‘florzinha’ e o de copas de ‘coração’. Coração vermelho. Agora, as cartas que antes ficavam guardadas na manga já vêm todas à mostra. Vêm todas preparadas para o granfinalle: arrasar os corações de copas. Sim, os vermelhos! Mas também os pretos, azuis, amarelos e aqueles sem cor. 

Não me interessa mais virar o jogo, mas sim ir para o outro lado da mesa. (Colocar-se diante de si próprio e parar de jogar consigo mesmo é tarefa mais árdua que vencer o vencedor). Se é pra jogar, que joguemos com as palavras. As escondidas por baixo dos olhares baixos. As ditas nos verbos que saem dos dedos estralando vértebras. Dê ao presente o presente de nele estar. 

Um comentário:

  1. Entendo zero de baralho, mas de texto eu entendo um pouco e esse tá show! Te amo

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