30 de março de 2012

De quando o EU se conjuga em outras pessoas

Sabe quando você vê a foto daquela pessoa que morreu e te dá grande aperto nos olhos e as lágrimas param no coração? Pois, é. Me senti assim, agora. E me sinto assim quando vejo também as fotos daqueles amores partidos, daquela amizade que se esgotou ou do sorriso quebrado ao meio. Saudades de tudo que não está mais amarrado entre nós, sejam eles apertados ou frouxos. A morte, quando chega, transforma o que estava junto em mera 1ª pessoa do pronome pessoal do caso reto. Transforma em EU. Isso mesmo. E EU é sozinho. Eu é ego. Cego. Quando digo EU é porque quero dizer saudades. Quero dizer que: cá estou com saudades de quando pude me conjugar em outras pessoas, seja de casos retos ou oblíquos. Tônicos ou átonos. Saudades de quando pude ser outros pronomes e, assim, alimentar-me de verbos, versos e prosoicas palavras que, agora, já estão soltas em um outro universo. Para onde as coisas vão quando morrem? Não sei. Mas começo a achar que viram versos de palavras escondidas. As palavras nunca morrem, apenas se transmutam.

Um comentário:

  1. Eu entendo você. mas sou Eu que entendo, sempre só.

    tipo: "eu já não caibo mais naquela sua frase de Amor"

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