22 de junho de 2012

Devir

Ela virou pro lado e resolveu, mais uma vez, acelerar a marcha. A marcha ré. E andando de ré, não reparou que estava indo aos mesmos caminhos que outrora havia passado e se perdido. Não percebeu que, às vezes, é melhor permanecer no semáforo amarelo, em vez de ficar avançando os sinais e atropelando o tempo. Em sua veia, o sangue pulsa de maneira mais corrente, tudo se oxigena e vira outra coisa em questão de segundos. Sem rosto. Sem nome. Sem cor. E seu corpo todo pulsa e grita por um pouco – só um pouco – de calmaria. Mas se acostumou tanto com o tempo do vento, que a brisa, meu rapaz, ficou pesada demais. E tudo é este eterno devir. De vir a ser algo preso num corpo aberto. Ou, então, de abrir passagem pra um carro ainda na contramão.

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