17 de abril de 2014

21 anos de solidão na multidão

Sentou-se ao meu lado em prantos. Chorava, assim como ocorre aos novos, quando têm fome. Aos velhos, quando sentem saudade. E o pranto descia em seu rosto moreno, marcando ainda mais seus traços largos. Todos cheios de caminhos e lembranças, que naquela viagem de trem me iriam ser contadas. 

Sofria de morte antecipada e de saudade mal diluída. Não era a lembrança de um amor, tampouco a falta de um espaço concreto. Era, simplesmente, a solidão. Aqueles tantos anos de soldão que levava consigo debaixo dos braços.

Era tempo demais pra tão poucas mãos, tão pequeno coração. E aquela solidão na multidão fazia com que seu pranto, agora, começasse a ser sugado pela pele da face. Mais uma vez, a solidão iria voltar de onde veio. De onde ela até tentou sair, mas num eterno retorno, insistiu em ficar.

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