7 de abril de 2011

Desbravadores de formigas em calçada

Selenitas, sonhadores, especuladores do desconhecido, loucos, desbravadores de formigas em calçada, uni-vos, já!

Unam seus sonhos, idealizações e todas aquelas pequenas manias, como dar pausa a uma conversa para observar a Lua. Ou, senão, andar a passos lentos na rua, enquanto todos se esbarram e derrubam suas próprias ideologias. Não as derrube. Segure-as fortemente, como uma criança segura sua bola para brincar. Tenha contigo o questionar da criança do passado e a sabedoria do velho do futuro.

Olhe. Olhe todos os olhares que venham a atravessar o seu olhar. Agarre-os como se agarra a namoradinha ou namoradinho no muro da escola. Pode ser um ato efêmero, mas um olhar é como dar amendoim a um elefante, inesquecível.

Bata na cabeça três vezes, caso seus pensamentos estejam te impedindo de pensar. Não deixe que idéias soltas invadam seu subconsciente, tão rico em proteínas e coisas mais que eu não sei dizer. Não se ocupe em pensar o futuro não concebido e conceba sorrisos aos cachorros e pombas, que sempre estão pelo seu caminho. Mesmo aquelas no pára-brisa ou aqueles no pneu do carro.

Pare na porta do trem e comece a juntar as palavras soltas pelo ar. Incrível como as pessoas não se apreciam dessa imensidão de verbos que a todo dia são jorrados pelas multidões metroviárias, trenziárias, transitarias. Não saberia classificar a multidão que corre, a toda hora, pela malha ferroviária da minha cidade (sempre achei bonito falar malha ferroviária). Não saberia, pois uma multidão é formada por seres muito singulares. Impossível, em uma palavra, classificar todos aqueles rostos, pernas e braços. Precisaria de um dicionário urbano para fazer isso!

Ah, falando em dicionário e palavras inexistentes :invente. Sempre é hora de inventar. Inventar um bolo verde com calda laranja. Ou um canudinho gigante, para roubar o gosto do suco de alguém. Ah, sempre quis saber o gosto que tem a comida dos outros, mesmo que fosse da mesma panela. Mas, o gosto nunca é o mesmo, pois o gosto se dá pelas sensações de cada um, e isso é muito pessoal, assim como o modo que você gosta de alguém.

Eu gosto. Gosto muito de gostar do gosto que tem gostar do que eu gosto. E não me incomodo nenhum pouco em ser prolixa ao demonstrar quão grande é meu gostar. Quero mesmo é que demore, que eu possa sentir quanto é bom “estar sendo” no mundo. Porque a gente sempre está sendo e nunca é, de fato. O “é” gera limitação. Ou é aquilo ou é isso. Por outro lado, o estar causa movimento (e até gerúndio! que me perdoem os lingüistas!). E eu quero estar, “estar sendo” infame, agora, mas séria depois. Triste e alegre. Cara pálida e cara vermelha. Bicho de goiaba ou só goiaba. Folha sobre o rio ou o rio inteiro. Estar, estar, estar, sendo star, como STAR, que brilha, morre e depois vive de novo.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto. Na verdade devo escrever Texto, com T maiusculo. è um Texto de gente grande escrito por uma Menina-mulher que não perdeu suas pretençoes de sonhar.

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