Sinto que não caibo mais em mim. Assim como é o rio, que
encontra águas salgadas, eu também preciso desaguar. Não sei. De repente, tudo
ficou tão aguado. Os sonhos aconteceram. E, agora, eu já não sei seguir sem
eles. Sinto-me pra dentro de mim. Lá no canto do útero. Apenas intro da
expectativa. Uma gema de ovo no meio da clara clara. Pra mim, tão escura,
submersa a redomas de outrem (ou de mim). Acho que é tempo de plantar de novo
(com grão novo). É hora de ampliar o que ficou grande e de mastigar até mesmo
as migalhas. Quando o verbo se faz carne, o que nos resta é engoli-lo. Esperar a
digestão e se alimentar do que sobrou.
A gente não percebe, mas vivemos, eternamente, dos restos.
Vivemos do pouco que fica de tudo que somos, comemos e vivemos. Vivemos? (Nossa! De repente vejo que a prosa
se assemelha com aquela de cinco anos atrás). É quase uma crise adolescente. A
puberdade tem validade? Estou indo embora daquela que já fui. Confesso, às
vezes tenho saudades de Deus. Me pego, à noite, pensando no tempo em que eu
pedia proteção. Até tento voltar. Mas paro no meio do escuro e esbarro nos meus
livros na estante, derrubando-me mais uma vez em meu sonambulismo
(in)consciente. Fui derrubada de todos os lados. Os muros caíram. As
resistências se transformaram em existência. Ou, então, lutas existenciais. Eis
a entrada na vida adulta, ou, adulterada.
Tenho necessidade de estar mais próximo de mim. MiM é só
MIM, mesmo lendo de trás pra frente. MIM
não é nada além do que isso que sou. E por que devo usar EU? Usar um EU? Ser um
EU? Ser? EU logo vira UÉ, mostrando toda a nossa contradição. Palavras repetidas
sempre formam alguma frase bonita. Tentei buscar rebuscar esse texto,
deparei-me com outra palavra: REBUSCAR. Buscar novamente. A vida é sempre
rebuscada, então. E essas letras todas começam a se misturar com as linhas
finas, e as linhas finas? Ah! Eu não agüento mais as linhas finas, os “olhos”
no meio das páginas e as aspas cortadas pela metade. Desculpe o auê!
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