18 de agosto de 2012

É hora de (des)aguar (n)o aguado


Sinto que não caibo mais em mim. Assim como é o rio, que encontra águas salgadas, eu também preciso desaguar. Não sei. De repente, tudo ficou tão aguado. Os sonhos aconteceram. E, agora, eu já não sei seguir sem eles. Sinto-me pra dentro de mim. Lá no canto do útero. Apenas intro da expectativa. Uma gema de ovo no meio da clara clara. Pra mim, tão escura, submersa a redomas de outrem (ou de mim). Acho que é tempo de plantar de novo (com grão novo). É hora de ampliar o que ficou grande e de mastigar até mesmo as migalhas. Quando o verbo se faz carne, o que nos resta é engoli-lo. Esperar a digestão e se alimentar do que sobrou.

A gente não percebe, mas vivemos, eternamente, dos restos. Vivemos do pouco que fica de tudo que somos, comemos e vivemos.  Vivemos? (Nossa! De repente vejo que a prosa se assemelha com aquela de cinco anos atrás). É quase uma crise adolescente. A puberdade tem validade? Estou indo embora daquela que já fui. Confesso, às vezes tenho saudades de Deus. Me pego, à noite, pensando no tempo em que eu pedia proteção. Até tento voltar. Mas paro no meio do escuro e esbarro nos meus livros na estante, derrubando-me mais uma vez em meu sonambulismo (in)consciente. Fui derrubada de todos os lados. Os muros caíram. As resistências se transformaram em existência. Ou, então, lutas existenciais. Eis a entrada na vida adulta, ou, adulterada.

Tenho necessidade de estar mais próximo de mim. MiM é só MIM, mesmo lendo de trás pra frente.  MIM não é nada além do que isso que sou. E por que devo usar EU? Usar um EU? Ser um EU? Ser? EU logo vira UÉ, mostrando toda a nossa contradição. Palavras repetidas sempre formam alguma frase bonita. Tentei buscar rebuscar esse texto, deparei-me com outra palavra: REBUSCAR. Buscar novamente. A vida é sempre rebuscada, então. E essas letras todas começam a se misturar com as linhas finas, e as linhas finas? Ah! Eu não agüento mais as linhas finas, os “olhos” no meio das páginas e as aspas cortadas pela metade. Desculpe o auê! 

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