3 de abril de 2013
Histórias de trem, capítulo de hoje: triângulo amoroso
Eu tava sentadinha no único canto que me restava naquele
latifúndio do vagão. Comia, tranquila, meu amendoim rosa, quando de repente
ouço uma história que me fez até levantar. Um homem, cheio de sacolas, falava
com duas mulheres. O sotaque arrastado denunciava que vinha da cidade
maravilhosa. Ele, um moço baixo, vestindo uma camisa do corinthians, um boné
preto, bermuda e tênis. Elas, umas curiosas, assim como eu. Peguei o trem
andando, e ainda encostei na janelinha. Cheguei no momento que ele dizia que a
Maria e a Paula (pasmem!) dormiam com ele na mesma cama e o amor dos três, ah,
isso é lindo. Pois, é. O rapaz, que nem sei o nome, vive há trinta e dois anos
um tipo de amor que eu pensava que existia só nos recôncavos mais côncavos
desse Brasil. Mas eis que ali no município ao lado, em Franco da Rocha, o homem
vive na mesma casa com suas duas esposas. Tem três filhos com a Maria e dois
com Paula. O homem diz que nunca traiu nenhuma das duas. O fato de transar com
duas pessoas o satisfaz de forma mais completa. É nessa hora que eu faço a
pergunta clichê que não quer calar. E se uma delas resolve ter outro marido?
Tudo bem, tudo lindo, e complementa - vi um dia desses uma mulher de um país,
esqueci o nome, que tinha dois maridos. E noutro país, vi um homem com seis
esposas. Já vi muita história de homem com duas mulheres, mas que não aceitam
ela ter um segundo marido. "Ah, o que falta pra esses homens é
informação". Sua história dá um livro. Mas vocês são o que, jornalista,
repórter?, questiona preocupado. Não, moço. Eu só sou do trem mesmo. Dou tchau,
enquanto o maquinista informa que chegamos a Estação Perus, chegando também ao
fim mais um capítulo da Linha 7-Rubi. Amanhã tem mais, tem, sim senhor!
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