16 de agosto de 2013

Das presenças tão ausentes

Acabo de ver uma foto de Dominguinhos acompanhada de uma frase dita por ele e Renato Teixeira: "Os verdadeiros amigos sabem entender o silêncio e manter a presença, mesmo quando ausentes". Soa clichê botar uma frase do homem assim, logo após sua morte, mas é que ela faz tanto sentido, pois, assim como, agora, há uma sanfona e uma legião de fãs silenciados, esse mesmo silêncio é que nos levará às lembranças, ao sorriso dado, ao abraço apertado, ao até logo que não chegou. Andei pensando, esses dias, sobre a tal da "amizade verdadeira". Deparei-me com um tanto de saudades de conversas que não são mais as mesmas, de expressões que já não fazem mais sentido. Vi fotos de gente que, hoje, já não reconheceria passando na rua. São rostos que já riram ou choraram ao meu lado. Já me juraram amizade eterna. Seria muito injusto dizer que vocês todos, hoje tão distantes, não são amigos verdadeiros. Há dificuldade bastante em compreender que as relações afetivas que vivenciamos não são nossas propriedades. Muitos momentos da vida nos permitem aproximações e fidelidades incomparáveis. Mas tempo e espaço também são unidades em constante mutação. É difícil compreender que tanto assunto acabou se transformando em um breve "olá, como vai, tudo bem?". É preciso domar a alma para aceitar a palavra ex-amigo. Eu aceito até ex-namorado, mas ex-amigo é palavra que desce rasgando goela abaixo. Aí tu pensa em vomitar todas as histórias ou confidências, em um gesto de vingança, já que não possui mais aquilo que outrora ninguém lhe tirava. Agora, assim como a frase de Dominguinhos, restam apenas o silêncio, a ausência e a certeza de que todos aqueles que passaram estão presentes de alguma forma.

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