29 de março de 2016

histórias de trem: o amor, ah, o amor

Hoje, em histórias de trem: o amor, ah, o amor
Naquele dia frio, a incerteza permeava seus sentidos todos. Não sabia se permanecia atrás da janela, olhando a rua passar, ou se pegava o trem, com destino a qualquer lugar. Ao chegar à estação, perguntou ao primeiro guarda qual seria o primeiro trem, pra qualquer cidade, onde não houvesse ninguém. . Andou, a esmo, pela beira do porto, sentindo os ares dos novos mares que a ela se apresentava. Ouviu, ao fundo, um sax que tocava baixinho, feito prelúdio, dos encontros que estariam por vir. Após sugar a fria beleza que ali se instalava, botou a mala sobre as costas e, cabisbaixa, partiu pelos mesmos trilhos que dantes havia passado. Enfiou-se dentro de seu casulo, seu casaco preto escondia o brilho, dos olhos, do riso. Não imaginava, sequer passou em sua cabeça, que as estações reservam surpresas que nem os maquinistas imaginam. Ele apenas entrou. Sentou ao seu lado, com seu ar tímido, seu olhar doce e pairou, pairou olhando o infinito. Ela, não sei como, despiu-se do medo, da vergonha permeada pelo capuz que a envolvia e resolveu, repentinamente, questioná-lo da origem de uma palavra que flutuava sem sentido em sua mente. Ele, sem pestanejar, cedeu: a palavra, o sentido, o riso, um cartão e saiu pela próxima estação.

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