29 de março de 2016

Prazo de validade

Mas que coisa, essa vida é um misterioso causo de prazo de validade. A gente já nasce sabendo que vai acabar. E, com medo de se acabar na gente mesmo, é que nos eternizamos nos outros. Sempre na esperança de deixar o que é fim, aqui, um começo lá. E demos adeus ao que aos deuses já pertencia. Cantamos nossos ritos, evocamos nossos eus em nossos rituais. E, descobrimos, aí, que somos todos formados de partidas particularizadas dentro de cada ida que fica em nós feito saudade. Eu sou a filha da falta, me lembrando a cada tempo que a música só se faz viva por ser movimento e pausa. Vírgula e palavra corrida. Sonho e despertar. Depois de um grande hiato, você descobre que é preciso deixar espaçar, pra, então, poder preencher.

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